quinta-feira, setembro 07, 2017

Moscovo e Washington consolidam poderio da China



As relações entre a Rússia e os Estados Unidos vão de mal a pior. E já não se limita apenas ao duelo em torno do encerramento de consulados e expulsões de diplomatas por ambos os países.
Donald Trump deve ter feito algo muito mau a Vladimir Putin que o Presidente Putin já veio afirmar que o secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson, que foi condecorado no Kremlin com a Ordem de Amizade, "anda em más companhias" e os politólogos do Kremlin falam da sua inactividade, da sua demissão para breve e até da desintegração da equipa que trabalha com o dirigente norte-americano.
Uma das causas destas declarações poderá dever-se ao facto de Trump não ter convidado Putin para a discussão da reforma da Organização das Nações Unidas. E talvez tenha sido esta uma das razões que levou Putin a não participar na próxima Assembleia Geral.
A Grã-Bretanha, o Canadá, a China, a Alemanha e o Japão estão entre os 14 países que apoiam a proposta de Trump de tornar as Nações Unidas mais maleáveis, menos pesada no que respeita à burocracia.
É estranho que Putin, dirigente de um dos países membros do Conselho de Segurança da ONU, fique de fora deste processo, pois a voz da Rússia é decisiva para reformar essa organização internacional.
Diplomatas e analistas russos consideram que este e outros passos da política externa norte-americana se devem ao facto de Washington ainda não ter compreendido que já não é o senhor absoluto do mundo.
Penso que eles têm razão quanto a isso, mas não me parece que a Rússia se esteja a transformar noutro polo. Estou mais inclinado a considerar que o novo polo será a China, apoiando-se no crescente poderio económico e militar. Moscovo (tal como os BRICS) é apenas uma das alavancas para que Pequim está a utilizar na reviravolta  que ocorre no modelo de relações internacionais, mas se os russos não puserem a sua casa em ordem, isso poderá vir a acontecer e não será preciso esperar muitos anos.

P.S. A Rússia diz aceitar a presença de tropas da ONU na fronteira entre as tropas ucranianas e os separatistas, mas o problema é que Kiev quer vê-las nas fronteiras entre a Rússia e a Ucrânia. Estão a ver a diferença? 

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